As apostas esportivas — ou “bets” — se tornaram parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Porém, junto com a popularização dessas plataformas, também cresceu o número de pessoas desenvolvendo dependência em jogos, conhecida como ludopatia ou jogo patológico. Esse transtorno é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um distúrbio de saúde mental, e pode afetar profundamente a vida financeira, emocional e profissional da pessoa.
Nos últimos dois anos, o número de benefícios concedidos pelo INSS devido ao jogo patológico aumentou mais de 2.000% no Brasil, segundo dados oficiais. Esse crescimento tem atingido especialmente adultos entre 18 e 39 anos, em plena fase produtiva da vida laboral.
Ludopatia não é “falta de controle”: é doença reconhecida
É comum que familiares ou colegas interpretem o vício em apostas como irresponsabilidade, falta de disciplina ou descuido. No entanto, a ciência já comprovou que o jogo patológico afeta diretamente áreas do cérebro ligadas ao prazer, decisão e impulsividade.
Entre os sintomas mais frequentes estão:
- Ansiedade, irritabilidade e compulsão por apostar
- Perda de concentração e queda no desempenho profissional
- Endividamento e prejuízos financeiros significativos
- Depressão, insônia e isolamento social
- Incapacidade de manter a rotina de trabalho
Quando esses sintomas tornam a pessoa incapaz de exercer sua atividade laboral, ela pode ter direito ao auxílio-doença.
Quando o vício em apostas dá direito ao auxílio-doença
O direito ao auxílio-doença não depende apenas do diagnóstico de ludopatia, mas da comprovação de que o transtorno compromete a capacidade de trabalho.
Para que o benefício seja concedido, é necessário:
- Diagnóstico médico formal, geralmente realizado por psiquiatra, indicando jogo patológico.
- Documentação que comprove o impacto funcional, como laudos, atestados e relatórios que demonstrem a incapacidade para a atividade profissional.
- Qualidade de segurado no INSS, ou seja, estar contribuindo ou dentro do período de graça.
O pedido do benefício passa por perícia médica do INSS, e é nesse momento que a documentação médica adequada faz toda a diferença.
E se o INSS negar o pedido?
Negativas são comuns, especialmente quando a documentação não demonstra claramente a incapacidade laboral.
Nesses casos, é possível entrar com recurso administrativo ou buscar o benefício pela via judicial, onde o laudo pericial é feito por um perito indicado pelo juiz — e, muitas vezes, é mais completo.
Por isso, o acompanhamento jurídico especializado é essencial para orientar, organizar os documentos e conduzir o processo da forma correta.
Acolhimento, tratamento e orientação jurídica são fundamentais
A ludopatia é uma condição séria, que exige cuidado médico, apoio psicológico e, em muitos casos, afastamento do trabalho para tratamento.
Procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de responsabilidade consigo mesmo e com sua saúde.